Duas referências extramusicais se impõem no encarte desse disco do compositor e maestro Alexandre Guerra, aluno do alemão Hans-Joachim Koellreutter. A primeira é um óleo do artista plástico Sergio Fingermann, que retrata um caminho de água em meio à vegetação, dirigindo-se ao infinito. A segunda, uma frase do próprio Guerra: “Vai alcançar na distância a distância que em si há”. O álbum encontra-se, portanto, no terreno da descoberta de caminhos – o que muitas vezes se dá nos limites escondidos da própria existência. Essas duas referências artísticas marcam o tom das peças reunidas no álbum. É o caso daquela que dá nome ao disco, Longe…, mas também das Imagens para flauta e orquestra, com solos de um dos principais instrumentistas brasileiros da atualidade, o flautista Rogério Wolf, e das Paisagens brasileiras para orquestra. Com vasta experiência em compor música para o cinema, Guerra cria música por meio de imagens – imagens que, no entanto, se criam e recriam dentro da lógica flutuante da composição musical. Uma fascinante viagem, artística e interior, gravada com a Orquestra Sinfônica de Budapeste (BPSO).